Madredeus. "Não existe grupo mais popular do que o nosso"
Os Madredeus estão de regresso com um novo disco, o primeiro escrito e composto de raiz para a nova vocalista, Beatriz Nunes, na banda desde 2011. O fundador Pedro Ayres Magalhães falou com o DN sobre este novo capítulo de uma carreira "única e irrepetível" no panorama da música nacional, que cumpre neste ano três décadas de existência.
Corria o ano de 1985 quando, nos intervalos dos Heróis do Mar e dos Sétima Legião, Pedro Ayres Magalhães e Rodrigo Leão se reuniram pela primeira vez para "uns ensaios", que viriam a dar início a um dos projetos mais marcantes da história da música portuguesa, os Madredeus, o primeiro e talvez o maior fenómeno de internacionalização para além de Amália Rodrigues. Da formação original resta apenas Pedro Ayres Magalhães que, aos 56 anos, se assume cada vez mais como o guardião desse legado, mais uma vez renovado com o novo Capricho Sentimental, o primeiro disco escrito de raiz para a vocalista, Beatriz Nunes.
A uma primeira audição, parece haver um lado mais erudito, de câmara, nesta nova formação. Concorda?
Já havia esse lado no disco anterior. É de facto um ensemble muito curioso e já estávamos há anos para fazer isto. Fizemos algo parecido nos arranjos da Banda Cósmica e na altura ficou óbvio para nós que se alguma vez tivéssemos um grupo só com teclas, guitarra, harpa e violoncelo iríamos gostar muito do resultado final. Na altura fizemos arranjos de harpa para dezenas de canções do Madredeus e esse é um património que pretendemos explorar. Agora repescámos esse conceito e embora as canções deste disco sejam todas inéditas, muitas das antigas também já estão preparadas para ser tocadas com esta nova formação.
Pode dizer-se que este disco foi feito a pensar na voz da Beatriz?
Sim, porque sabíamos que ia funcionar. Especialmente por causa da voz da Beatriz, que tem um rigor interpretativo único.